sábado, 18 de junho de 2011

Experiência vivida de mobilidade

Foi no ano 2008 que fui trabalhar para uma empresa de montagem de elevadores localizada em Alverca. Esta empresa pagava muito mais do que aquela em que trabalhava. Esta empresa apenas fazia montagem de elevadores em Espanha, França, Suíça e Holanda, pelo que a mobilidade se tornou uma constante na minha vida.
O trabalho consistia num mês de montagem de elevadores num determinado país, após o que voltava para Portugal e aqui ficava uma semana. A primeira viagem foi à Suíça e foi feita de carro, pois eu e um colega estávamos a formar uma nova equipa neste país e precisávamos de um carro lá. Foi uma viagem directa e dolorosa, pois passámos muitas horas no carro, embora conduzíssemos à vez. Recordo-me perfeitamente do cansaço da viagem, por vezes até parecia que não estava a conduzir, sentia o meu corpo dormente de tanto cansaço e sono. A viagem durou 26 horas, em que apenas parámos para abastecer, ir à casa de banho ou trocar de condutor. Comíamos sandes, bolachas, qualquer coisa que "matasse a fome", acompanhado por sumos e água. Durante os quase 3 meses que estive neste país fiz diversas viagens, umas de carro e outras de avião. Estive em Grandvaux, Lausanne, Montreux e Aigle.
A primeira impressão que tive da Suíça foi a de um país exemplar em organização. Não se vê lixo no chão, bermas de estrada sujas ou ervas por cortar junto às valetas ou onde quer que seja. As encostas das serras são todas verdes e aí podemos ver muitas vacas a pastar. O país é dividido por vários cantões e ao todo existem 26, e tem 4 línguas oficiais, o francês, o italiano, o alemão e o suíço. Eu estive sempre em locais pertencentes ao cantão de Vaud, em que a língua falada é maioritariamente o francês.
Considerei as pessoas frias e de poucas palavras mas em certas zonas encontra-se comunidades portuguesas e essas pessoas são todas muito unidas.




Ao início, fiquei numa casa em Grandvaux, uma casa muito antiga, com umas paredes muito espessas, com dois pisos, que ficava na encosta para o Lago de Genéve, depois fui para um apartamento em Lausanne, um prédio como os que se encontram em Portugal com a diferença de que este tinha aquecimento central, tanto na casa em Granvdvaux como em Lausanne fazia o jantar e o almoço do dia seguinte para levar para o trabalho.

Posteriormente fiquei alojado num hotel em Aigle e aí já não tinha como fazer o almoço e o jantar porque só se tinha direito ao pequeno-almoço. Foi então que começámos em ir aos supermercados, como o Migros,  Coop ou o Denner e comprar umas saladas com massa que vendiam já embaladas como dose para uma refeição e que incluíam um talher em plástico dobrado ao meio por sistema de encaixe (de um lado era um garfo do outro lado uma colher), comprávamos também um pão que dividíamos e um sumo. Ao final do dia começámos à procura de restaurantes portugueses para jantar que ficassem perto do hotel, no centro de Aigle, até que encontrámos um, falámos com os proprietários e combinámos um preço. Na Suíça as coisas são todas muito caras, pelo que chegámos a um acordo de valor por refeição a pagar semanalmente, (todos os Domingos ao jantar acertávamos as contas). Foi então que começámos a jantar todos os dias da semana e todas as refeições do fim-de-semana. Um dos pratos que comi foi um prato normalíssimo para os suíços mas que para mim foi uma estreia e que, confesso, adorei: um steak de cavalo com arroz e batata frita com um molho extraordinário e uma salada de alface a acompanhar.

Assisti às comemorações do dia nacional, 1 de Agosto, e vi um dos muitos desfiles organizados no país, o de Aigle. Estavam muitas pessoas a assistir e também muitas pessoas a desfilar, desde os miúdos com cerca de 8 anos aos idosos, vestidos com roupas de antigamente, juntamente com os bombeiros e com animais, sobretudo vacas. Achei muito estranho o facto das pessoas não falarem inglês, na maioria falavam francês, embora muitas outras falassem as outras línguas do país.
Ali as pessoas começam a trabalhar logo a partir das 7 da manhã e no final acaba por fechar todas as lojas às 19 horas, aos fins-de-semana está tudo fechado. Só há um dia por semana em que se pode depositar o lixo nos contentores da rua porque só um dia por semana é que fazem a recolha.

Foto de Haarlem, Holanda del Norte

Após esta experiência fui montar elevadores para a Holanda, em Zandvoort. Fui de avião para França, Marselha, para ir buscar um carro que seria o meu carro de serviço. Foi mais uma viagem longa, um dia inteiro para chegar a Zandvoort. Quando cheguei à morada indicada estavam já uns colegas instalados e deram-nos a chave e a morada do local aonde iria ficar, que era bastante perto. Eu nem queria acreditar no que me estava a acontecer quando chego ao local, pois tratava-se de uma garagem completamente arranjada como se fosse um quarto de hotel, mas só que aqui não havia janelas. Daí ia trabalhar para Haarlem, começava às 7 da manhã e saía sempre por volta das 18 horas. No final de semana ia caminhar um pouco junto aos canais, também para conhecer um pouco do local. De Haarlem, Den Haag e em Zandvoort gostei bastante por ser bastante calmo, mas Roterdão e Amesterdão são cidades completamente diferentes, com grande confusão a toda a hora. Também gostei bastante deste país pelas pessoas que são muito simpáticas, pelos edifícios, pelos canais e os seus pequenos barcos e os moinhos. As pessoas pouco andam de carro ou a pé, a não ser para fazer grandes distâncias e aí sim, andam de carro, mas deslocam-se maioritariamente em bicicletas. Achei muito engraçada uma bicicleta com uma estrutura muito idêntica a uma de montanha mas com um pequeno cesto por cima do guiador que estava resguardado por um plástico para o frio e uma estrutura lateral que mais se parecia com aquelas motas com side-car.


Os edifícios são estranhos mas, ao mesmo tempo, interessantes. As construções parecem ser de tijolo refractário de cor escura com grandes janelas e os telhados com um forte inclinação. Aqui senti-me mais à vontade do que em relação à Suíça, porque podemos falar com as pessoas em inglês, porque é uma língua que todos falam. Por exemplo, logo no primeiro dia aqui na Holanda fui a uma gasolineira abastecer o carro com gasóleo e quando fui pagar estava uma senhora já com certa idade e pensei logo que estava em apuros para conseguir comunicar com a senhora, ela lá disse qualquer coisa que eu não percebi mas falei em Inglês com ela e disse que era português e que não tinha percebido o que tinha dito, e ela rapidamente respondeu-me em inglês, e eu que pensava que ela nunca iria falar Inglês pois em Portugal as pessoas mais velhas raramente falam inglês.
Os holandeses são pessoas que se respeitam de uma maneira impressionante tanto no trabalho como na estrada. Existem muitas ciclovias para bicicletas com prioridade para estas nos cruzamentos.


No final destas experiências aprendi bastante, aprendi a ser mais autónomo e acabei por aprender uma língua nova e treinar/aperfeiçoar uma outra. Por fim gostei bastante de toda esta minha experiência vivida que foi bastante enriquecedora. Levou-me a ser uma pessoa mais calma, um melhor observador de tudo o que nos rodeia, a ser compreensivo. Com esta experiência de vida em que nos encontramos sozinhos num local completamente estranho e muito longe da nossa casa é que nós damos valor ao que custa cuidar de uma casa, como por exemplo, da roupa, do comer, tudo ao mesmo tempo enquanto durante o dia estando a trabalhar. Por fim acabei por ter uma visão totalmente diferente da vida e de outra forma de encarar as coisas.

sábado, 11 de junho de 2011

A viagem da língua Portuguesa
pelo mundo

O português é conhecido como "A língua de Camões" (em homenagem a Luís Vaz de Camões, escritor português, autor de Os Lusíadas) e "A última flor do Lácio" (expressão usada no soneto Língua Portuguesa, do escritor brasileiro Olavo Bilac). Miguel de Cervantes, o célebre autor espanhol, considerava o idioma "doce e agradável".

[nau5.jpg]A língua portuguesa é uma língua românica flexiva que se originou no que é hoje a Galiza e o norte de Portugal, derivada do latim vulgar que foi introduzido no oeste da península Ibérica há cerca de dois mil anos. Tem um substrato céltico/lusitano, resultante da língua nativa dos povos pré-romanos que habitavam a parte ocidental da península. Nos séculos XV e XVI, à medida que Portugal criava o primeiro império colonial e comercial europeu, a língua portuguesa se espalhou pelo mundo, estendendo-se desde as costas africanas até Macau, na China, ao Japão e ao Brasil, nas Américas. Como resultado dessa expansão, o português é agora língua oficial de oito países independentes além de Portugal, e é largamente falado ou estudado como segunda língua noutros. Há, ainda, cerca de vinte línguas crioulas de base portuguesa.
Com mais de 240 milhões de falantes, é a quinta língua mais falada no mundo e usada na Internet, a mais falada no hemisfério sul, a terceira mais falada no mundo ocidental e das que usam o alfabeto latino. É oficial em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e, desde 13 de Julho de 2007, na Guiné Equatorial, sendo também falado nos antigos territórios da Índia Portuguesa (Goa, Damão, Ilha de Angediva, Simbor, Gogolá, Diu e Dadrá e Nagar-Aveli) e em pequenas comunidades que faziam parte do Império Português na Ásia como Malaca, na Malásia e na África Oriental como Zanzibar, na Tanzânia. Possui estatuto oficial na União Europeia, no Mercosul, na União Africana, na Organização dos Estados Americanos, na União Latina, na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e na Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa (ACOLOP).
Assim como os outros idiomas, o português sofreu uma evolução histórica, sendo influenciado por vários idiomas e dialectos, até chegar ao estágio conhecido actualmente. Deve-se considerar, porém, que o português de hoje compreende vários dialectos e subdialectos, falares e subfalares, muitas vezes bastante distintos, além de dois padrões reconhecidos internacionalmente (o português brasileiro e o português europeu). No momento actual, o português é a única língua do mundo ocidental falada por mais de cem milhões de pessoas com duas ortografias oficiais.
Segundo um levantamento feito pela Academia Brasileira de Letras, a língua portuguesa tem, actualmente, cerca de 356 mil unidades lexicais. Essas unidades estão dicionarizadas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.

A LÍNGUA PORTUGUESA EM S. TOMÉ E PRÍNCIPE


A língua portuguesa é a língua nacional de São Tomé e Príncipe. O Angolar (também conhecido como ngolá) é uma das línguas crioulas, falada na ponta sul da ilha de São Tomé, principalmente em torno da vila de São João dos Angolares, distrito de Caué. Sendo uma língua crioula de base portuguesa, o angolar difere grandemente dos crioulos da Guiné-Bissau, Senegal, Gâmbia e Cabo Verde. O substrato do angolar assenta principalmente nas línguas kwa, faladas na Costa do Marfim, Gana, Togo, Benim e Nigéria. Partilha 70% de semelhança lexical com o são-tomense (ou forro), 67% com o principense (ou lunguyè) e 53% com o anobonense (ou fa d'ambu) da vizinha ilha de Ano Bom (Guiné Equatorial). Os 30% de léxico em que o Angolar difere do são-tomense vão buscar as suas origens ao Quimbundo e ao Quicongo de Angola. Os angolares são um grupo étnico distinto que tem a sua origem atribuída ao naufrágio, ao sul da ilha de São Tomé, de um navio negreiro com escravos trazidos de Angola em meados do século XVI. Muitos angolares actualmente falam também são-tomense e/ou português e há uma tendência para se integrarem nos forros — que significa homens livres — que constituem o principal grupo étnico de São Tomé e Príncipe.
Neste país existe as línguas nativas, o português e o crioulo. O crioulo, que é uma língua criada normalmente de forma espontânea de uma mistura do português com as línguas nativas, que se distingue das restantes devido a três características: o seu processo de formação, a sua relação com uma língua de prestígio e algumas particularidades gramaticais. Uma língua crioula deriva sempre de um pidgin, que não é uma língua natural, mas apenas um sistema de comunicação rudimentar, alinhavado por pessoas que falam línguas diferentes e que precisam de comunicar. Acabando por criar uma nova língua, por assim dizer, um crioulo sendo uma mistura de duas línguas que se vai passando de geração em geração até aos dias de hoje.
A língua constitui o instrumento de comunicação por excelência. Mas, mais do que isso, é um modo de ser e um modo de estar. «A casa do ser» (Heidegger) assume assim uma dimensão política e uma dimensão económica.
Para os povos que falam português, ultrapassada a época da dominação colonial, representa uma garantia fundamental de identidade nunca perdendo de vista que a linguagem, pela natureza das coisas, é sempre cultura. O desempenho do seu papel de comunicação, tanto no meio político, como no económico, requer uma actualização constante que a torne funcionalmente capaz de transmitir as novas ideias e os novos conhecimentos científicos. O idioma carece também de difusão suficiente que justifique a sua escolha como veículo de comunicação, como segunda língua. Se o número de falantes, quer como primeira língua, quer como segunda, for diminuto, o seu interesse político e económico passará a ser pequeno.

Na minha opinião a mundialização da língua portuguesa apenas tem vantagens. Entre governos facilita acordos e entendimentos, além de favorecer o conhecimento da cultura de cada povo. Também traz vantagens económicas a investidores que estejam interessados em investir nesses países onde se fala a língua portuguesa. Para além disso é cultura geral de cada indivíduo conhecer uma outra língua além da sua língua materna.


Fontes :